domingo, 16 de outubro de 2011

'Criança e Jogador'

Jogadores correm pelo campo. Gosto de ver. Liberdade. Correm atrás da bola e tem ‘tudo’. Nem o nome precisa, um côdinome os tem. Dá vontade de ser jogador.

Problemas, amores, desfeitos. Um time na primeira, que melhora e precisa se manter na elite do futebol brasileiro. Como num sábado estava lá, no sofá assistindo: o jogador vivendo a sua vida em campo. Desejei ser um. Ser um jogador de verdade, daqueles que jogam muito.

Como se diz por ai: é brocador – porque brocador faz gol, muito gols! Ser jogador de ir por aí, noites sem muros, sem escuros, xavecando atraindo gatinhas, sabendo amar até de manhã - ah, uma vida a bel-prazer, uma vida que se caísse em qualquer circunstância de jogo, seria Gol laço, sem sentir a dor da falta de autoconfiança.

Mas como tudo que passa, demovi-me da idéia de ser jogador. Considerei e se me arrependesse? Sabe, jornalista é curioso só tem prazer em fazer (escrever) desvendando mistérios, ah! Esse é outro assunto.

Mas não sou louco e nem vou dizer por aí que estou infeliz. É que quando a gente quer ser jogador a razão já não serve mais pra nada. Então eu leio nos jornais o que uma criança de uma favela qualquer fala “sonho ser um jogador, igual a Ronaldinho, dentuço ou não, igual ao Neymar, pode ser com cabelo arrepiado”.

Nas palavras dessas crianças, bastava ter tido a sorte de nascer um bom jogador “para poder jogar bem longe da favela”. Assim, ele se livraria da violência. Bastava ser jogador – um jogador – para deslizar nos gramados do mundo. E quem sabe ter o maravilhoso glamour de ser ‘o jogador’ que se vê na televisão.

Não se pode ser criança e ao menos querer ser jogador? Mas nesse lugar matam até os sonhos das crianças. Porque ser criança não existe coisa melhor. Melhor do que ser jogador, é ser criança.
Não é o ‘coitadinho do jogador’ que no campo pode perder, mas perder sim, o jogo, mas não o da vida. Não digam que é melhor encarar a vida de cara!Ou é? Tête-à-tête? Porque não se trata de enfrentar a vida – é a morte que se enfrenta – assim como minha mãe enfrentou, se foi, saudades. Saudade que dói, não têm como não sentir.

Na melhor acepção da palavra: criança que não rouba e nem é roubada o direito de viver, sorrir, sonhar, concretizar ao menos em sonho, a glória de ser ‘criança e jogador’.

E para os que ainda não são. Jornalistas?

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